17 / 08 / 21

Dona Moça é reconhecida pelo Governo do Estado como Mestra Viva do Patrimônio de Alagoas

A nomeação aconteceu após a Secretaria Municipal de Cultura inscrever a artesã em um processo seletivo que contou com mais de 100 inscrições em todo o Estado. 

Matéria: João Victor Maciel | Fotos: Wellington Alves

Pela beleza e influência de suas rendas e bordados, a deodorense Maria Cícera Rosendo da Rocha, conhecida popularmente como “Dona Moça”, foi reconhecida pelo Estado como Patrimônio Vivo de Alagoas no artesanato. A nomeação aconteceu após a Secretaria Municipal de Cultura inscrever a artesã em um processo seletivo que contou com mais de 100 inscrições em todo o Estado. A notícia saiu na manhã desta terça-feira (17), no Diário Oficial.

Dona Moça é a primeira artesã deodorense a ganhar o título, dado pela Secretaria do Estado de Cultura, como um sinal de respeito a sua arte e auxílio na perpetuação da memória cultural do Estado. Para personalidades, a seleção é feita a partir de inscrições que são analisadas por uma comissão da Secretaria de Estado da Cultura.

O anúncio tornou-se de alegria para os moradores da cidade de Marechal Deodoro. O processo de indicação e acompanhamento foi realizado pela Secretaria de Cultura e Preservação do Patrimônio Histórico. A secretaria Lívia Lopes e enxerga esse reconhecimento como um incentivo à todos que vivem da cultura.

“Esse reconhecimento para emblemas tão significativos para o nosso município ressoa como uma reafirmação da identidade do nosso povo. Dona Maria Cícera é referência para todas os artesãos da cidade. Tudo isso merece um lugar de destaque, e é isso que o município tem buscado oferecer” afirma a secretária.

DONA MOÇA, PATRIMÔNIO VIVO DO ARTESANATO.

Nascida e criada em Marechal Deodoro, Maria Cícera continua vivendo no mesmo lugar de origem, o bairro da Poeira. Foi lá que ela descobriu a sua paixão pela renda labirinto, um bordado feito a partir do desfiado do tecido, depois unindo outros fios com pequenos remendos de linha, de maneira que esses remendos fiquem quase invisíveis.

Na infância, a linha e a agulha já eram sua brincadeira preferida. Aos 10 anos, ela já bordava panos artesanais para ajudar na renda familiar. Com o passar dos anos, ela expandiu seus horizontes e abraçou também a missão de lecionar, mas, o artesanato jamais deixou de ser parte da sua vida, conciliando a sala de aula com suas produções artesanais.

Quando se aposentou, fundou a “Casa do Labirinto”, onde trabalhou ao lado de 19 senhoras perpetuando e impulsionando a cultura da renda no município. A casa continua funcionando até hoje, carregando um vasto currículo de participações em feiras artesanais por todo o país, além de enriquecerem ambientes de todo o mundo através da exportação do produto para o exterior.

Hoje, aos 72 anos, continua a ensinar o seu principal ofício e está sempre envolvida nas manifestações culturais e religiosas da cidade. Dona Maria Cícera segue ativa e atuante no espaço destinado aos artesões, a “Casa da Singeleza”, localizada no Centro Histórico.

Ao receber esse título, ela expressa que seu maior sentimento é gratidão. Ela conta que está muito feliz e realizada por perceber que toda a sua classe de artesãos também está sendo valorizada através dela.

“O maior sentimento é gratidão a todos os deodorenses, pois eles são parte dessa história também. É uma caminhada que trilhei de mãos dadas com muitos. Para mim, ser artesã é uma terapia, mas ela consegue ser também o sustento de muitas famílias. A renda labirinto se destaca por sua qualidade, sendo uma representação da nossa cultura. Esse reconhecimento me dá mais força de propagar o trabalho do nosso artesanato, ensinando nossa arte para as gerações” declara Dona Maria Cícera.