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Auditório Tavares Bastos recebe discussão sobre poesia e resistência negra

À praça Pedro Paulino, convidados discutiram experiências poéticas e o que aprendemos sobre ser negro

Felipe Miranda e Izabelle Targino/Fotos: Hiarlley Sabino

imgl5326É possível tirar poesia de tudo. Ou melhor, é possível enxergá-la em qualquer lugar. Numa pedra, no céu, num gesto ou na falta dele, na praia ou num banheiro da escola. Essa foi uma das mensagens passadas para o público que assistiu à primeira mesa-redonda do Auditório Tavares Bastos nessa sexta-feira (24). Intitulada de “Papo de Escritor: Literatura Contemporânea”, a conversa reuniu, principalmente, estudantes que foram visitar a 8ª Festa Literária de Marechal Deodoro.

Ari Denisson, Bruno Ribeiro, Cosme Rogério, Richard Plácido, Tazio Zambi e Elaine Raposo conversaram sobre experiências próprias e lições tiradas de livros. O objetivo principal de todas as falas, ali na praça Pedro Paulino, foi encorajar o primeiro passo de futuros novos escritores.

“É importante experimentar a arte. Eu me encontrei na poesia aos 27 anos. Eu odiei poesia até descobrir que, na verdade, a amava. Então tente tocar, tente escrever, tente dançar. Não desista”, relatou o escritor Richard Plácido.

Em um mês voltado para a Consciência Negra, a mesa “Resistência” trouxe a militante e estudiosa Arísia Barros, o Superintendente de Políticas Educacional e Gestão da Rede Escolar de Marechal Deodoro, Denisson Queiroz, e o Pai de Santo Antônio Baiano para discutir intolerância religiosa e racismo. Críticas e histórias pessoais marcaram o fim de tarde da Flimar. O fato de Alagoas ser o Estado que mais mata jovem negro no país foi comentado pela autora do blog Raízes da África.

“O Paraná é território branco e tem uma marcha voltada para a causa negra. Alagoas é terra de zumbi e não tem. Nossa resistência está desaparecendo da mesma forma que as políticas públicas. Ambas precisam ser reincorporadas. Precisamos sair da zona de conforto. Subir a Serra da Barriga se tornou politicagem. Usar turbante e fazer trança não é o suficiente para ser considerado negro”, disse Arísia.

Segundo o superintendente Denisson Queiroz, alguns jovens não sabem se quer que a África é um continente. “Isso nos faz questionar o que de fato aprendemos sobre ser negro. Sobre nossas origens e a forma como isso está sendo discutido em sala de aula.” Para ele, o primeiro passo é admitir que o racismo existe. “Somos herdeiros de uma formação preconceituosa. Somos herdeiros dessa concepção e precisamos estar dispostos a mudá-la.”

Entre tantos termos disponíveis para classificar a mesa-redonda e a importância do que foi dito no espaço e amplificado para caixas de som distribuídas por Marechal Deodoro, o que mais se encaixa é “necessária”.

EMPREENDEDORISMO E HISTÓRIA

imgl5375Além da presença do jornalista Luís Vilar, que se debruçou sobre vida e obra de Tavares Bastos, ressaltado o caráter ilustre do jovem político, escritor e advogado e classificado por ele como o maior republicano que o país já teve, o início da noite da Flimar foi marcado por histórias de sucesso locais. Como é o caso do empresário Wilson Júnior, proprietário da empresa Galeria Destak Magazine, localizada no Centro de Marechal Deodoro.

Júnio da Destak, como é mais conhecido, contou aos presentes um pouco da sua história como empreendedor, das dificuldades e de como a criatividade o ajudou a construir a maior loja de Marechal Deodoro.

“Eu tinha uma empresa aqui no centro, e depois de um problema com o sócio, tive que fechar. Em dezembro de 2005 eu recomecei, comprei um prédio, coloquei o nome de Destak Magazine e comecei a tirar xerox e vender crédito de celular. Com o dinheiro que recebia da xerox, comecei a ir pra Caruaru comprar mercadoria e vender. E assim, usando a criatividade, sem pensar nas dificuldades fui buscando minha meta que era ter a maior loja de Marechal Deodoro. Hoje, tenho uma loja com 36 funcionários e reconhecida por ser a Melhor Empresa de Gestão de Alagoas, com o prêmio MPE”, disse o empresário.

O empresário destacou a parceria com o Sebrae e a importância de investir em capacitações e incentivo aos colaborados. Para ele, não existe empresa de excelência, sem colaboradores excelentes.

“Pensar pequeno, dá o mesmo trabalho que pensar grande. Então eu sempre pensei grande, coloquei metas em minha vida e venho buscando até hoje, temos muitas premiações, na minha loja tenho orgulho em dizer que todos os colaboradores são deodorenses. Vamos ampliar a loja e, em breve, teremos um refeitório e uma área de descanso e lazer para os colaboradores”, finalizou.

ÚLTIMO DIA: NÃO PERCA

25 de novembro

14h00: Sou mulher e escrevo, com Amanda Prado, Arriete Vilela, Érica Matias, Lisley Nogueira, Marta Eugênia e mediação da professora Elaine Raposo.

15h30: Novos olhares! Novos Leitores!, com Ique Carvalho, Matheus Rocha e mediação de Frini Georgakopoulos.

17h00: Literatura de cordel – em verso e prosa o orgulho de ser nordestino, com Hugo Novais e Chico de Assis. Encerra com Sarau com a participação de Gustavo Lacombe e os escritores